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MANEJO ALIMENTAR
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Alimentação e Manejo Alimentar

A região do Nordeste brasileiro,  especialmente a Semi-Árida, é marcada por duas épocas bem distintas, uma  época chuvosa e uma época seca. Na época chuvosa, caracterizada pela  diversificação e abundância de plantas forrageira na pastagem nativa  (Caatinga) os caprinos e os ovinos têm a possibilidade de consumir uma dieta  rica em nutrientes, sendo necessário o fornecimento em cocho apenas da  suplementação mineral. Por outro lado, durante a época seca matrizes e crias  necessitam de alimentação diferenciada em função do estádio fisiológico ou fase  de produção em que se encontram.

A associação de um manejo  nutricional adequado com sistema de manejo reprodutivo, sem esquecer de  utilizar animais de reconhecido potencial produtivo, possibilita o  estabelecimento do sistema de produção aqui preconizado de três partos em  dois anos.

Neste capítulo do sistema de  produção, são relacionados os principais alimentos que podem ser utilizados  no sistema de produção, bem como, recomendações sobre a alimentação de  matrizes, reprodutores e crias são feitas para a fase de produção. É descrito  o manejo alimentar na fase de recria. Duas opções de acabamento viáveis  economicamente para a região Nordeste são descritas.

 

Alimentos

Manejo Alimentar

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Alimentos  

Existem várias opções de  alimentos a serem utilizados nos sistemas de produção na região nordeste. Em  termos de alimentos volumosos podem ser citados: Pastagens, culturas para a seca,  capineiras, fenos, silagens e resíduos agroindustriais. Para completar a  nutrição dos caprinos e ovinos, em algumas fases do ciclo de produção é  necessário o uso de concentrados. A suplementação mineral é importante em  todas as fases de produção, portanto, para completar a alimentação dos  caprinos e ovinos os suplementos minerais são de fundamental importância.

 

Pasto Nativo

Pasto Cultivado

Culturas para uso na Seca

Mandioca
Palma Forrageira

Capineiras

Resíduos Agroindustriais

Feno

Silagem

Concentrados

Suplementos Minerais e Misturas Múltiplas

 

 

Pasto Nativo

A Caatinga é uma excelente fonte  alimentar para os rebanhos durante a época chuvosa. Para aumentar seu  potencial produtivo quatro técnicas de manipulação foram desenvolvidas pela  Embrapa Caprinos.

Raleamento – Consiste em  diminuir o número de árvores/há, reduzindo a densidade de espécies de baixo  valor forrageiro e madeireiro (ex: marmeleiro, malva branca). Com a  diminuição no número de árvores, em áreas onde há banco de sementes de  espécies herbáceas, há aumento na disponibilidade destas para uso na  alimentação animal. Como ovino tem maior preferência por espécies herbáceas,  esta prática favorece mais esta espécie.

Rebaixamento – Consiste em  cortar a uma altura em torno de 70 cm espécies arbóreas (Ex.: jurema  preta, sabiá, mororó) de valor forrageiro cuja folhagem está fora do alcance  do animal. Esta prática favorece bastante os caprinos, pois, estes têm  preferência por plantas de folha larga.

Raleamento e rebaixamento –   consiste na combinação dos dois métodos anteriormente citados.

Enriquecimento – Consiste em  adicionar a vegetação já existente em uma caatinga raleada, outras espécies  principalmente herbáceas (Ex.: capim-gramão). Esta prática tanto pode  incrementa a produção de forragem de uma caatinga raleada, como pode, em  áreas onde é feito o raleamento e não existe banco de espécies herbáceas  nativas, contribuir com o aumento na quantidade de forragem destas áreas. Na  tabela abaixo estão alguns indicadores de desempenho de cada um dos níveis de  manipulação e da caatinga nativa.

 

 

Tabela 1. Efeito dos níveis de  manipulação sobre a produção de forragem e a capacidade de suporte da  vegetação nativa da Caatinga

 

 

Caatinga

Indicadores

Nativa

 Raleada

 Rebaixada

 Ral-Reb

 Enriquecida

Prod.Fitomassa

4,0 t/ha ano

4,0 t/ha ano

4,0  t/ha ano

4,0  t/ha ano

4,0  t/ha ano

Fitomassa lenhosa

90%

20%

60%

40%

10%

Fitomassa herbácea

10%

80%

40%

60%

90%

Cobertura lenhosa

30-100%

30-40%

50-60%

40-50%

10-15%

Fitomassa pastável

10%

60%

40%

50%

90%

Cap. Suporte Ovino (ha/cab/ano)

1,5-2

0,5

1-1,5

0,5-1

0,1-0,4

Cap. Suporte Caprino (ha/cab/ano)

1,5-2

0,5

0,5-0,7

0,5-1

0,3-0,5

Produção PV Ovino kg/ha ano

12-15

50

20

40

150

Produção PV Caprino kg/ha ano

15-20

37

40

40

100

Fonte: Araújo Filho  (1990)

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Pasto Cultivado

 

Existem várias forrageiras que  são recomendadas e devem ser usadas na formação de pastos cultivados e com  propósitos específicos para a alimentação animal, especialmente na região  semi-árida. Dentre as espécies mais adaptadas, pode-se citar: capim-búffel  (Cenchrus ciliaris), capim-gramão (Cynodon dactylus), capim-corrente  (Urochloa mosambicensis) e  capim-andropogon (Andropogon gayanus) e como  banco de proteína, a Leucena (Leucaena leucocephala).

Há outro grupo de gramíneas, de  elevado potencial de produção, mas que são mais exigentes quanto à  fertilidade do solo e à pluviosiade. São as gramíneas do gênero Panicum  (tanzânia, mombarça, colonião, aruana, massai, etc...) e o popular  capim-elefante (Pennisetum purpureum).

O manejo dos animais pode ser  feito em sistema de lotação contínua (pastejo contínuo), lotação rotativa  (pastejo rotacionado) ou ainda pode ser feito diferimento do pasto (feno em  pé).

Para manejar os animais em  lotação contínua, são mais recomendadas as gramíneas de hábito de crescimento  estolonífero (crescem se espalhando, não forma touceiras). As mais usadas  neste caso são os capins tiftons, capim gramão e alguns tipos de brachiaria.

Para manejo rotacionado preferir  usar gramíneas que crescem em touceiras (tanzânia, mombaça, andropogon,  búffel). Neste sistema o capim tem alternados períodos de uso e de descanso.  O período de uso deve variar entre um e cinco dias. Já o período de descanso  é específico Para cada gramínea (tabela 2).

Tabela 2. Períodos de descanso  e resíduos pós-pastejo de algumas gramíneas forrageiras.

 

Forrageira (nome  comum)

Período de descanso

(dias)

Altura de resíduo pós-pastejo (cm)

Andropogon

21 a   30

10 a   15

Brachiarão

27 a   32

10 a   15

Colonião, Tobiatã

27 a   32

20

Tanzânia e Mombaça

27  32

20

Estrela, Tiftons

21 a   30

5 a 10

Coast-cross

21 a   30

5 a 10

Humidícola

21 a   30

5 a 10

Fonte: adaptado de  Aguiar (1997)

 

O uso correto das áreas de  pastagens, independente do sistema de pastejo utilizado, deve incluir a realização  de adubações de manutenção e também o ajuste da taxa de lotação, evitando o  super-pastejo que é a principal causa de degradação de pastagens.

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Culturas para uso  na Seca

Neste item são exploradas algumas  culturas que podem ser utilizadas nos sistema de produção do nordeste para  uso na alimentação dos rebanhos, principalmente na época seca.

 

Mandioca

Palma Forrageira

Cana-de-açúcar

 

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Mandioca

Entre os cultivos produtores de  alimentos energéticos, com tolerância às condições de semi-aridez, destaca-se  a mandioca, que é tradicionalmente cultivada nas áreas com solos de textura  leve e boa profundidade.

A mandioca pode contribuir com o  aumento dos nutrientes na dieta dos animais de várias maneiras, entre elas  merecem destaque a fabricação da raspa e o aproveitamento da parte aérea.

Raspas de mandioca são raízes  picadas em máquinas simples e secadas ao sol, preferencialmente em terrenos  cimentados. É alimento rico em energia e pobre em proteína, como pode ser  observado na Tabela 3. Por essa razão deve ser fornecido aos animais junto  com alimentos ricos em proteína como o feno de leguminosas (leucena e  guandu), farelos (soja, algodão) ou com substâncias nitrogenadas como a uréia  de uso exclusivo para ruminantes).

 

Tabela 3. Conteúdo de energia  e proteína da mandioca e do milho.

 

Produto

MS%

PB%

EM (Mcal/kg)

ED (Mcal/kg)

Raiz seca da Mandioca (raspa)

90,0

3,40

3,10

3,40

Folhagem seca da Mandioca

90,0

22,0

1,10

1,20

Milho (grão)

90,0

9,5

3,40

3,45

Fonte: Cavalcanti  (1994)

 

A economicidade do uso da raspa de  mandioca depende da relação de preço entre a raspa e o cereal mais utilizado  como ração, que no nosso caso é o milho. O valor de mercado da raspa de boa  qualidade é 80% do valor do milho e 85% do valor do sorgo. Portanto, seu uso  é recomendado quando seu preço de aquisição ou seu custo de produção for  inferior a 80% do valor do milho.

Uma forma de melhorar o valor  nutritivo da raspa seria através da adição de uréia. O uso mais tradicional  da uréia é realmente em confinamento, na mistura com melaço, porém, tal  produto é de disponibilidade e preço inacessíveis em regiões não produtoras,  como o Nordeste. A raspa de mandioca é tão eficiente na utilização da uréia  pelos ruminantes quanto o melaço (Cavalcanti e Guimarães Filho, 1997)

A parte aérea da mandioca corresponde  a toda porção da planta acima do solo, apesar de alguns autores considerarem  como aproveitável tanto para alimentação animal como humana, apenas o terço  superior, mais enfolhado e conseqüentemente mais rico do ponto de vista  nutricional (Carvalho e Kato, 1987). Além da alta produtividade, a parte  aérea da mandioca, bem como suas folhas, apresenta elevados teores protéicos  e com teores de fibra inferiores aos de várias forrageiras tropicais.

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Palma Forrageira

As secas e as incertezas  climáticas recorrentes na região semi-árida do Nordeste do Brasil constituem  os fatores mais limitantes à produção animal. Devido às suas características  morfofisiológicas, as cactáceas representam fonte de água e alternativa  alimentar para as regiões sub-úmida e semi-árida.

 

A palma constitui alimento  volumoso suculento de grande importância para os rebanhos, notadamente nos  períodos de secas prolongadas, pois, além de fornecer alimento verde, contribui  no atendimento de grande parte das necessidades de água dos animais (Lira et  al., 1990). As espécies de palmas forrageiras mais utilizadas na alimentação  animal no Nordeste são Opuntia ficus Mill e Nopalea cochenillifera  Salm-Dyck (Oliveira, 1996).

 

A produtividade média da palma  pode ser estimada em torno de 80 toneladas de matéria  verde/ha  corte, com valores superiores a 200  toneladas/ha  corte quando do uso de adubações pesadas. O uso do  esterco deve ser feito a cada dois anos, na dose de cerca de 2 t/ha, enquanto  que, em termos de adubação mineral, é recomendada a fórmula 90-60 kg/ha de  N-P2O5 (Albuquerque, 2000).

 

A palma apresenta baixa proteína  digestível e valor equivalente à silagem de milho em extratos não nitrogenados,  além de elevado índice de digestibilidade da matéria seca (75%). Um fator  limitante para a nutrição dos animais com uso da palma é a baixa quantidade  de matéria seca consumida, visto que esse cultivo apresenta alta quantidade  de água (90%).

 

Na tabela 4 pode-se ver a  composição nutricional dos principais tipos de palma. Observando os dados,  percebe-se que a palma forrageira não possui um bom balanço dos nutrientes.  Portanto, deve ser usada como fonte de água e de energia barata.

 

Tabela 4. Composição química  de alguns cultivares de Palma.

 

Cultivar

MS*(%)

PB*(%)

Cálcio(%)

Fósforo (%)

DIVMS*(%)

Palma gigante

(Opuntia fícus-indica)

8,41

6,23

3,74

0,14

75,15

Palma redonda

(Opuntia stricta)

9,09

7,82

---

0,41

74,11

Palma miúda

(Nopalea cochenillifera)

11,1

5,21

2,06

0,17

77,37

Palma sem espinho

(Opuntia robusta cv.  Monterey

6,70

8,38

---

0,22

---

*MS = matéria seca; PB  = proteína bruta; DIVMS=digestibilidade in vitro da matéria seca

Fonte: Adaptado de  Gregory e Felker (1992) e Lira et al. (1990)

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Cana-de-Açúcar

A cana-de-açúcar apresenta uma série  de características desejáveis: grande produção por unidade de área (20   a 30 t MS/ha) e baixo custo por unidade de matéria seca  produzida, período de colheita e disponibilidade constante ao longo do ano,  manejo simples e manutenção do valor nutritivo por até seis meses depois da  maturação (Silva, 1995). A cana é uma planta de características como: alto  potencial de produção, bom perfilhamento, resistência a pragas e doenças,  resistência ao florescimento e alto teor de açúcar.

Do ponto de vista nutricional,  apresenta duas limitações principais: baixos teores de minerais,  principalmente fósforo (0,07%) e baixo teor de nitrogênio (1,5   a 5%) (Silva, 1995).

Para melhorar a qualidade e  valor nutritivo da cana, pode-se fazer uso de uréia ou sulfato de amônio.  Normalmente, a mistura uréia:sulfato de amônio (9:1) é utilizada na proporção  de 0,5 a 1% em relação ao peso da cana  picada.

No ano de 1999 o Nordeste  produziu 53 milhões de toneladas de cana-de-açúcar utilizadas na produção de  açúcar, álcool, aguardente, rapadura entre outros, produzindo vários  subprodutos com potencial de uso na alimentação animal. Da lavoura vem a  ponta de cana, da indústria açucareira: o bagaço, a torta de filtro e o  melaço e da indústria alcoólica o fundo de dorna e o vinhoto (Santana e  Sousa, 1984). Destes, o bagaço-de-cana é o mais disponível.

O bagaço é o produto resultante  do esmagamento da cana-de-açúcar na extração do caldo. Anualmente são gerados  mais de 75 milhões de toneladas no país inteiro. Devido ao seu alto teor de  fibra (45%) e baixa proteína (2,5%) sua digestibilidade é baixa. A amonização  do bagaço de cana surge como alternativa para melhorar seu valor protéico e  conseqüentemente sua digestibilidade. Cândido et. al. (1999), amonizando  bagaço de cana-de-açúcar via adição de uréia, encontrou aumentos no teor  protéico (sem uréia= 1,22%) à medida que foi aumentado o percentual de uréia  na matéria seca do bagaço (2%=5,5; 4%=9,9; 6%=14,2 e 8%=18,6).

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Capineira

 

A capineira é uma área de  produção intensiva de capim. O capim mais utilizado é o elefante. A forragem  produzida na capineira pode ser utilizada tanto para corte como para produção  de silagem (durante época chuvosa).

Uma capineira de capim-elefante  produz, a cada 60 dias, o equivalente a 34 t de matéria verde em um hectare.  O ideal é que o produtor adote este intervalo de corte. Neste intervalo de  corte obtém-se 34 t de MS/ha. Para isto, a capineira deve ser dividida em  piquetes e ser usada de forma escalonada.

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Banco de Proteína

O banco de proteína, cujas  informações para sua formação foram descritas no capítulo infra-estrutura,  pode ser usado tanto para corte como para pastejo. No esquema de corte,  deve-se fazer um a cada 42 dias na época chuvosa e a cada 81 dias no período  seco. A forragem cortada pode ser fornecida in natura ou na forma de feno.  Para pastejo um hectare suporta de 10 a 15 caprinos ou ovinos adultos.

 

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Resíduos  Agroindustriais

O uso da irrigação tem  proporcionado o desenvolvimento da fruticultura em diversas áreas da Região  Nordeste nos últimos anos, produzindo desde a fruta de mesa até  industrializados como polpa, sucos, doces, entre outros (Vasconcelos, 2002).  Em todos os estados dessa região, há produção de algum resíduo agroindustrial  com potencial para uso como alimento para os animais. Na Bahia e em Sergipe,  destaca-se a produção de resíduo da cultura de citrus, no Maranhão, a casca  do arroz, no Ceará, o bagaço de caju e no Rio Grande do Norte, o  aproveitamento dos resíduos da fruticultura irrigada (melão, principalmente).  E desta maneira, aproveitam-se as potencialidades do local, objetivando  fornecer alimento e nutrientes para os animais durante todo o ano.

Os  subprodutos apresentam bom valor nutritivo e podem ser consumidos na sua  forma in natura, bem como desidratados na forma de feno e também sob a  forma de silagem. Na inclusão de subprodutos na dieta dos rebanhos, deve-se  atentar para a composição química e balanço dos nutrientes. Por exemplo, o  feno do resíduo de Abacaxi possui teor adequado de cálcio, mas é pobre em  fósforo. Este desbalanço precisa ser ajustado para melhorar o aproveitamento  desse resíduo na alimentação animal.

Um  fator muito importante e determinante para o uso de subprodutos na  alimentação animal é determinar os níveis de adição dos mesmos às rações. A  polpa cítrica pode ser adicionada em até 30% na silagem para caprinos e  ovinos. O resíduo da indústria de suco de goiaba pode ser adicionado em até  15% também na silagem.

O caju é alimento que não deve  ser consumido puro em nenhuma das opções de utilização. Embora apresente  baixo teor de tanino (0,43%), é deficiente em cálcio (0,059%), fósforo  (0,037%) e cobre (0,87 ppm) e apresenta baixos teores de cobalto.  Vale  a ressalva de que, se o produtor estiver em região de alta disponibilidade e  fizer uso de programas de ração com mínimo custo, os custos de produção  certamente irão declinar.

A casca desidratada de maracujá  em dietas para ruminantes pode ter um nível de inclusão de até 22% na  composição de rações.

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Feno

Inúmeras alternativas são  encontradas para o fornecimento de volumosos de qualidade para alimentação  dos rebanhos no Nordeste Brasileiro. Entretanto, pelas facilidades nos processos  de produção e armazenamento, bem como pela sua qualidade nutricional, a  administração de feno é uma das alternativas mais viáveis para os sistemas de  produção nordestinos. O feno é obtido mediante a exposição ao sol e ao ar da  planta cortada, que sofre dessecação lenta e parcial, de modo que a sua taxa  de unidade, originalmente de 60 a 85%, seja reduzida para teores  entre 10 e 20%, com perda mínima de nutrientes, maciez, cor e sabor.

A fenação é um processo simples  e econômico, sendo recomendável porque oferece algumas vantagens. Sua  execução não apresenta dificuldades que impeçam o pequeno criador de  realizá-la com o emprego de recursos manuais, ao passo que o grande criador  pode fazer em larga escala com o auxílio da mecanização. O armazenamento do  feno é muito flexível, porque pode ser feito em fenis, medas ou depósitos,  neste caso quando enfardado. A distribuição é simples, pois pode ser feita no  cocho, podendo também ser consumido diretamente quando produzido em medas.

O bom feno é palatável e  nutritivo e ótima fonte de vitaminas A e D. Em virtude da sua concentração,  um quilo de feno pode substituir três quilos de silagem de milho ou sorgo ou  de forragem verde. Todavia, o valor do feno varia sob a influência de  diversos fatores, principalmente a espécie e a idade da forrageira utilizada  e da perfeição do seu manuseio e armazenamento, que envolvem o corte, a  secagem, o transporte e pormenores relativos às medas, fardos e depósitos.

A qualidade de um feno depende  de sua composição química, palatabilidade e digestibilidade, que por sua vez  estão na dependência de diversos fatores, principalmente os seguintes:  espécie botânica da planta, estágio de desenvolvimento, proporção de folhas,  coloração verde, alterações causadas por mofos, bolores e insetos, presença  de material estranho e perdas sofridas durante a preparação.

Quanto às espécies de plantas,  deve-se considerar principalmente que as leguminosas são ricas em proteína e  cálcio, enquanto que as gramíneas são mais ricas em carboidratos. Algumas gramíneas,  como o capim-buffel, a braquiária e o tifton podem produzir fenos de alta  qualidade. Por outro lado, o feno de leucena pode apresentar teores de  proteína bruta em torno de 16%, com digestibilidade de 65%. Sob irrigação é  possível promover cortes na leucena a cada 35 dias, o que proporciona de 12   a 15 toneladas de feno por hectare/ano.

A fase de maturação no momento  do corte tem grande influência sobre o feno quanto ao rendimento por unidade  de área, valor nutritivo, palatabilidade, digestibilidade, proporção de  folhas, coloração e teores de proteína, fibra e elementos minerais. A planta  nova produz feno mais rico em proteína e minerais, porém mais pobre em  fibras, sendo mais palatável e digestível. O rendimento é tanto menor e a  qualidade é melhor, quanto mais nova é a planta.

As folhas são palatáveis,  digestíveis e mais ricas em nutrientes. Já os caules, em geral, são mais  pobres do que as folhas. Assim sendo, todos os cuidados que ajudem a diminuir  as perdas de folhas durante a preparação e o armazenamento do feno são  importantes. A cor verde, mais intensa na planta nova e no feno bem  preparado, é altamente desejável porque indica a riqueza em caroteno, que tem  fundamental importância na nutrição.

A presença de mofos e bolores  diminui a palatabilidade e o valor nutritivo do feno, além de ser perigosa  para a saúde dos animais. Por sua vez, o ataque de insetos prejudica a  qualidade do alimento, porque em geral afeta a proporção de folhas, a  coloração a palatabilidade e o valor nutritivo.

Na fenação, além da perda  natural de água, ocorrem outras que afetam partes ou componentes da planta.  Assim, as folhas sofrem perdas durante o secamento, principalmente quando  este é exagerado; vitaminas são perdidas por descoloração e oxidações; a  quantidade de matéria seca é reduzida por fermentações; a lavagem pela chuva  causa perdas de nutrientes solúveis.

Mesmo no feno armazenado podem  ocorrem perdas durante a cura, devido principalmente a fermentações e à ação  da umidade. Assim é que o amido e os açúcares da forragem, por fermentações  durante a cura do feno, são transformados em água e gás carbônico. Todavia,  estas perdas podem ser reduzidas quando o feno é armazenado sem excesso de  umidade e bem protegido, pois estes cuidados dificultam ou atenuam a  fermentação e a elevação da temperatura.

Se os aspectos negativos são  devidamente controlados, o produtor poderá ter no uso do feno uma rica e  relativamente barata fonte de nutrientes essenciais para os caprinos e  ovinos. Contudo, é bom lembrar que, dependendo do estado fisiológico e do  nível de produção do animal, provavelmente uma suplementação com concentrados  seja necessária, principalmente durante o terço final da gestação e durante a  lactação. Finalmente, não se deve esquecer que uma ração perfeitamente equilibrada,  para produzir o máximo resultado, depende da influência exercida sobre os  animais por diversos fatores em conjunto, principalmente as condições  ambientais, a capacidade genética, o estado sanitário e o manejo do rebanho.

 

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Silagem

Silagem é o alimento resultante  de um processo controlado de fermentação. Tem cheiro agradável e deve ter  suas propriedades nutritivas semelhantes à forrageira que lhe deu origem, de  modo a garantir bom consumo e conseqüentemente bons índices de produtividade.  

Qualquer forrageira aceitável  pelos caprinos e ovinos, na forma verde, normalmente se presta para silagem,  desde que seja colhida no momento oportuno. O milho, o sorgo e o  capim-elefante são as forrageiras mais utilizadas.

A melhor época para ensilar o  milho ou sorgo é quando a planta atinge 30 a 35% de matéria seca. Isso  ocorre quando o grão atinge o ponto denominado farináceo (após o estado  leitoso). O ponto farináceo é obtido quando ao se esfregar entre os dedos os  grãos cortados estes se esfarelam. O ponto para o capim-elefante é obtido  quando a planta esta com em torno de 60 dias que foi cortada. Neste ponto há  carboidratos suficientes para a fermentação. Nesta idade é preciso fazer uma  pré-murcha no capim ou adicionar substâncias que aumentem o teor de matéria seca  na massa a ser ensilada.

Para obtenção de uma boa  silagem, alguns pontos devem ser observados:

•   cortar o material a ser  ensilado em pequenos pedaços, de tamanho aproximado de 1   a 2 cm de comprimento, no caso  específico para milho e sorgo;

•   encher o silo rapidamente,  terminando no máximo em 5 a 6 dias;

•   expulsar o ar do silo,  através de uma boa compactação;

•   cobrir o silo com lona e  sobre ela colocar uma camada de terra de aproximadamente 10   cm.

As boas silagens apresentam  coloração clara, variando de verde-amarelo ao verde-oliva e de cheiro  agradável. Uma cor mais escura, por exemplo, revela excesso de umidade ou  compactação deficiente, provocando fermentações indesejáveis e aparecimento  de mofo.

A retirada diária da silagem é  feita cortando uma fatia mínima e uniforme de 15   cm de espessura, com ferramenta bem afiada.

É importante que no silo seja  preservado o valor nutritivo da forrageira que deu origem à silagem e que as  técnicas de ensilagem são mais importantes do que o tipo de silo e possíveis  aditivos a serem utilizados. 

 

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Concentrados

Concentrados são alimentos com  menos de 18% de fibra bruta, podendo ser energético ou protéico.

Concentrados energético –   Alimentos que possuem menos de 18% de fibra e menos de 20% de proteína bruta,  na matéria seca. Os principais concentrados energéticos são: o milho e o  sorgo em grão, o milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS), o farelo de o  trigo, o farelo de arroz, a raspa de mandioca, a polpa de citros frutas, as  nozes, e os tubérculos a exemplo da mandioca e da batata doce, cuja  composição está apresentada na Tabela 5.

Tabela 5. Composição química  dos principais concentrados energético para ruminantes, na base da matéria  seca.

 

Alimento

MS

EM

PB

FDN

Cálcio

Fósforo

 

(%)

(Mcal/kg)

(%)

(%)

(%)

(%)

Arroz, farelo, integral

88,07

2,67

14,41

34,65

0,11

1,54

Arroz, farelo desengordurado

89,33

-

17,41

26,65

0,13

1,83

Batata doce

33

2,93

5,0

-

0,10

0,15

Citros, polpa

87,51

3,11

7,06

25,15

1,95

0,16

Mandioca, raspa

88,0

3,75

2,60

-

0,28

0,19

Melaço em pó

94,69

70

2,73

-

6,23

0,24

Melaço de cana

75,0

1,94

5,8  b

-

1,0

0,11

Milho, grão

89,00

3,15

10,00

9,00

0,05

0,29

Milho, espiga

89,30

2,49

7,80

-

0,01

0,25

 (MDPS)

87,66

2,59

8,09

38,94

0,08

0,21

Óleo vegetal

100

8,23

-

-

-

-

Sorgo, panícola

88,48

2,85

12,55

35,84

-

-

Sorgo, grão

87,44

3,04

9,61

13,16

0,07

0,28

Trigo, farelo

89,0

2,75

16,0

44,48

0,15

0,99

* MS, matéria seca;  EM, energia metabolizável; PB, proteína bruta; FDN, fibra em detergente  neutro; MDPS, milho desintegrado com palha e sabugo.

Fonte: Fontes:  Valadares Filho et al. (2001), NRC (1981), NRC (1985).

 

Concentrados protéicos –   Alimentos com menos de 18% de fibra e mais de 20% de proteína bruta, na  matéria seca. Fazem parte deste grupo de alimento os farelos de oleaginosas  como o de soja, o de amendoim, o do algodão, o de girassol, etc.; glúten de  milho; farelo de coco, subprodutos de origem animal, como as farinhas de  carne, sangue e peixe. Na Tabela 6 está apresentada a composição química dos  principais concentrados protéicos.

Tabela 6. Composição química  dos principais concentrados protéicos para ruminantes, na base da matéria  seca.

 

Alimento

MS

EM

PB

FDN

Cálcio

Fósforo

 

(%)

(Mcal/kg)

(%)

(%)

(%)

(%)

Algodão, caroço

92,00

3,83

23,90

44,98

0,26

0,87

Algodão, torta

93,5

1,89

34,18

43,68

0,24

0,77

Amendoim, farelo, extração  mecânica

93,00

3,25

52,00

14,00

0,20

0,61

Amendoim, farelo, extração por  solvente

92,00

2,98

52,30

-

0,29

0,68

Babaçu, torta

92,8

1,75

20,62

78,68

0,07

0,53

Feijão (velho)

89,0

3,29

25,3

 

0,18

0,59

Coco, farelo, extração mecânica

92,00

3,62

22,40

-

0,19

0,66

Coco, farelo, extração por  solvente

91,00

3,31

23,40

-

0,08

0,57

Amendoim, farelo, extração  mecânica

93,00

3,25

52,00

14,00

0,20

0,61

Amendoim, farelo, extração por  solvente

92,00

2,98

52,30

-

0,29

0,68

Girassol, farelo com casca

90,00

1,51

25,90

40,00

0,23

1,03

Girassol, farelo, sem casca,  extração mecânica

93,00

2,85

44,60

-

0,44

0,98

Girassol, farelo, sem casca,  extração por solvente

93,00

2,45

49,8

-

0,44

0,98

Levedura, resíduo de cervejaria

5,60

3,19

61,30

-

0,34

1,58

Cevada, resíduo de cervejaria

18,94

2,75

34,56

71,39

 

 

Mamona, farelo atoxicado

90,17

 

40,64

 

0,71

0,71

Milho, farelo de glúten

87,46

 

23,18

39,53

0,10

0,60

Peixe, farinha

92,41

4,18

63,2

6,12

6,80

3,72

Soja, farelo

88,56

3,16

47,64

14,81

0,33

0,58

Soja grão

90,76

3,16

38,73

13,96

0,35

0,56

Soja, leite

9,40

-

41,70

-

0,02

0,05

Uréia pecuária (equivalente  protéico)

99,0

-

281

-

-

-

* MS, matéria seca;  EM, energia metabolizável; PB, proteína bruta; FDN, fibra em detergente  neutro; MDPS, milho desintegrado com palha e sabugo.

Fonte: Valadares  Filho et al. (2001), NRC (1981), NRC (1985).

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Suplementos  minerais

 

O fornecimento de suplementos  minerais é uma prática que deve ser incorporada ao manejo nutricional de  caprinos e ovinos em todas as fases do ciclo produtivo. Os elementos minerais  encontrados com maior freqüência em níveis deficientes em pastagem e tecido  animal de ruminantes, no Brasil, são: o fósforo, o cobre e o cobalto. Por  esta razão, estes elementos não podem deixar de fazer parte de misturas  minerais. Por outro lado, deficiência de ferro, em pastagem para ruminantes,  é muito rara, razão pela qual é dispensável a sua inclusão neste tipo de  suplemento.

Durante a época seca, proteína e  energia são nutrientes limitantes para o desenvolvimento dos caprinos e  ovinos, sendo que nestas condições a alimentação dos animais deve receber um  suplemento com estes dois nutrientes, além da suplementação mineral. Nestas  circunstâncias, recomenda-se a utilização de mistura múltipla que suplementa  a dieta do animal com minerais, proteína e energia. Ressalte-se que a  resposta à suplementação com mistura múltipla depende da existência de  forragem, com abundância, nas pastagens, mesmo que esta não seja de boa  qualidade nutritiva. As principais fontes de minerais a serem utilizadas nos  suplementos minerais para caprinos e ovinos estão apresentadas na Tabela 7 e  nas Tabelas 8 e 9 encontram-se sugestões de misturas múltiplas.

Tabela 7. Quantidades de  elementos minerais para composição de suplementos minerais para caprinos e  ovinos.

 

Produto

Ca

P

Cu

Co

Zn

Mn

Se

Fosfato bicálcico

23,3

18,0

-

-

-

-

-

Farinha de ossos

31,1

14,5-

-

-

-

-

-

Superfosfato triplo

13,0

17,9

-

-

-

-

-

Calcário calcítrico

38,5

-

-

-

-

-

-

Farinha de ostra

38,0

-

-

-

-

-

-

Sulfato de cobre

-

-

25,5

-

-

-

-

Sulfato de cobalto

-

-

-

24,5

-

-

-

Sulfato de zinco

-

-

-

-

22,7

-

-

Sulfato de manganês

-

-

-

-

-

32,5

-

Selenato de sódio

-

-

-

-

-

-

45,6

Fonte: adaptado de  NRC (1985) e NRC (1981).

 

 

Tabela 8. Mistura múltipla  formulada a partir de ingredientes adquiridos isoladamente.

 

Ingredientes

Quantidade

Milho em grão (xerém) (kg)1

27,0

Fonte cálcio e fósforo (kg)2

16,0

Farelo de soja (kg)3

15,0

Uréia (kg)

10,0

Flor de enxofre (kg)4

1,3

Sulfato de zinco (g)

300,0

Sulfato de cobre (g)

27,0

Sulfato de cobalto (g)

20,0

Sal comum (kg)

30,3

 

Composição

 

Proteína bruta (%)

37,78

Energia metabolizável (Mcal/kg)

1,38

Cálcio (%)

5,81

Fósforo (%)

2,71

1º milho pode ser  substituído por sorgo em grão, panícula de sorgo, MDPS, raspa de mandioca e  polpa cítrica.

2A fonte de cálcio e  fósforo poderá ser o fosfato bicálcico.

3O farelo de soja  pode ser substituído por torta de algodão, torta de babaçu, farelo de  girassol, etc.

4A flor de enxofre  pode ser substituída pelo sulfato de amônio ou pelo sulfato de cálcio.

Fonte: Tabela  composta especialmente para esta publicação

 

 

 

 

Tabela 9. Mistura múltipla  formulada tendo como ingrediente mistura mineral comercial.

 

Ingredientes

Quantidade

Milho em grão (xerém) (kg)

27,7

Farelo de soja (kg)

15,0

Mistura mineral (kg)1

16,0

Uréia (kg)

10,0

Flor de enxofre (kg)

1,3

Sal comum (kg)

30,0

Composição

Proteína bruta (%)

37,84

Energia metabolizável (Mcal/kg)

1,40

Cálcio (%)

1,97

Fósforo (%)

2,71

     

1Escolha uma mistura  mineral que não venha pronta para uso, ou seja, não contenha sal comum. Nesta  simulação foi usada uma mistura contendo 8,7% de P e 12,0% de Ca.

Fonte: tabela  composta especialmente para esta publicação.

 

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Manejo Alimentar  

No sistema de produção o manejo  alimentar deve seguir as fases do sistema de produção. Para cada categoria em  cada fase de produção existem particularidades que são fundamentais para o  sucesso da produção de carne e pele no Nordeste Brasileiro.

 

 

Fase de Produção

Manejo Alimentar das Matrizes
Manejo Alimentar dos Reprodutores

Manejo  Alimentar das Crias

Fase de Recria

Fase de Acabamento

Pasto
Confinamento

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Fase de Produção

Durante a fase de produção que  vai desde a concepção até o desmame, o manejo alimentar deve contemplar de  forma específica cada categoria animal.

 

 

Manejo Alimentar das Matrizes

Manejo Alimentar dos Reprodutores

Manejo Alimentar das Crias

 

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Manejo Alimentar das Matrizes

 

O programa de alimentação das matrizes  deve ser concebido em função das diversas fases do seu ciclo produtivo.  Ressalte-se que estas não devem apresentar-se nem muito magras nem  excessivamente gordas, especialmente por ocasião da cobertura ou da parição.

O acompanhamento da condição de  escore corporal das matrizes é de fundamental importância para o desempenho  produtivo dos rebanhos. Recomenda-se, portanto, que no momento da cobertura,  os animais apresentem escore corporal de 2,5 a 3,0 (escala de 1   a 5, onde um significa muito magra e cinco, muito gorda) e que  cheguem ao parto com 3,5. Do parto ao pico de lactação, é esperado uma  redução no escore para 2 a 2,5.

As fêmeas que à cobertura estão  magras têm sua eficiência reprodutiva comprometida. Neste caso, as fêmeas  devem receber um tipo de suplementação (flushing) à base de concentrado  energético como milho ou sorgo em grãos. A mudança dos animais de um piquete  para outro com forragem de melhor qualidade também pode ser usada. Se a fêmea  estiver muito gorda. Deve sofrer restrição alimentar para que possa estar  apta à reprodução.

Nos primeiros 100 dias de  prenhez, as necessidades nutricionais da fêmea são baixas. Todavia,  restrições alimentares severas podem provocar abortos ou má formação de  fetos.

A melhoria da dieta desta no  terço final da prenhez e início da lactação deve ser, também, pelo aumento no  nível de proteína, através do fornecimento de fenos de leguminosas ou de  alimentos concentrados.

Nos últimos 50 dias de prenhez  há necessidade de nutrientes adicionais para atender ao crescimento fetal  (75% do feto se desenvolve nesta fase) e a placenta. Nesta fase o útero ocupa  grande espaço na cavidade abdominal, comprimindo o rúmen, o que faz com que a  capacidade de consumo da fêmea diminua. Por isso, nesta fase, é importante o  fornecimento de volumosos de boa qualidade e concentrado.

A lactação é outra importante  fase do ciclo produtivo da fêmea, especialmente nas primeiras semanas de  lactação. Geralmente, no início da lactação observa-se perda de peso nas  fêmeas decorrente da elevada demanda por nutrientes, a qual está diretamente  relacionada ao nível de produção de leite. A fêmea deve parir com escore de 3   a 3,5. Nestas condições, a fêmea dispõe de reservas corporais  (gordura) para mobilização durante as primeiras semanas de lactação. As fêmeas  que parem mais de uma cria produzem mais leite que aquelas que parem uma  única cria. Todavia, este aumento não é proporcional ao número de crias  paridas, ou seja, em partos múltiplos é necessário fornecimento de  suplementação alimentar.

Recomenda-se alimentar as fêmeas  jovens (em crescimento) separadas das adultas, pois, estas possuem  necessidades diferentes. Esta atitude evita, também, a dominância das fêmeas  adultas, contribuindo para melhorar o consumo das fêmeas jovens.

 

 

 

Manejo Alimentar  dos Reprodutores

 

Devido à alta incidência de  cálculos urinários em machos faz-se necessário o balanceamento da dieta total  para que contenha cálcio e fósforo nas proporções 2,0: 1,0 ou 1,5:1,0. Para  animais adultos fornecer concentrado variando de 16   a 18% de proteína bruta, na quantidade de 500   a 600g/dia, juntamente com alimento volumoso de média qualidade a fim  de atender suas exigências de mantença.

Durante a estação de monta, caso  o macho esteja servindo a um número excessivo de fêmeas, a ração pode ser  novamente balanceada aumentando a quantidade de nutrientes. O que não deve  ser permitido é o desgaste excessivo do reprodutor ou sua engorda, pois,  ambas as situações prejudicam o desempenho sexual do mesmo.

 

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Manejo Alimentar  das Crias

 

Nas primeiras semanas de vida,  dois aspectos são de fundamental importância para a sobrevivência e bom  desempenho das crias: capacidade de produção de leite e a habilidade materna  das matrizes, estando esta última intimamente relacionada com a primeira e  traduzida como cuidados e proteção dispensada às crias pela mãe. É  importante, portanto, trabalhar esta característica com base no parâmetro: kg  de cordeiro desmamado / ovelha parida, descartando aquelas menos produtivas.

Durante a época de carência  alimentar (época seca), as crias ficam com as mães o dia todo até 15 dias de  idade. A partir desta idade deverão ser retidas no aprisco e submetidas a  duas mamadas diárias (amamentação controlada); uma pela manhã e outra à tarde  ante e após o pastejo das matrizes. No aprisco, deve ser fornecido para as  crias forragem de boa qualidade (capim-elefante verde ou feno de leguminosas  ou de gramíneas) e concentrado à vontade. Esta prática é conhecida como creep  feeding. O concentrado deverá conter 3,0 Mcal de energia metabolizável por kg  de matéria seca, 15 % de proteína bruta, 0,50 % de cálcio e 0,35 % de  fósforo. Não é aconselhável utilizar leguminosas verdes por que causam  diarréias nas crias. A leucena, mesmo na forma de feno, por conter mimosina,  não deve ser utilizada como único volumoso para crias cujo rúmen ainda não se  desenvolveu completamente.

A associação da amamentação  controlada e com o creep feeding traz benefícios tanto para o desempenho  reprodutivo das matrizes como para o produtivo das crias. Com o uso destas  práticas o desmame pode ser realizado entre 70 e 84 dias de idade.

 

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Fase de Recria

A recria é a fase do sistema de  produção que é iniciada após o desmame das crias com o objetivo de  prepará-las para o acabamento ou para reposição (fêmeas) caso não se trate de  cruzamento industrial. Não existe uma duração pré-estabelecida para a recria.  Tratando-se de animais para abate, o desejável é que esta fase não exista,  isto é, que os animais passem diretamente do desmame para a fase de  acabamento. Mas, em situações em que as crias são desmamadas com menos de 15   kg, os animais devem ser submetidos a uma fase de recria até atingirem  esse peso.

Por tratar-se de ruminantes, a  alimentação deve ser baseada, principalmente, em volumosos, os quais abrangem  uma grande variedade de alimentos, como forragens verdes e conservadas (feno  e selagem). Ressalte-se que estes alimentos devem ser de boa qualidade  nutritiva, no sentido de atender aos requerimentos nutricionais desta  categoria animal, os quais são elevados. A inclusão de leguminosas, a exemplo  da cunhã (Clitoria ternatea), da leucena (Leucaena leucocephala), da  gliricídia (Gliricidis sepium) etc., como parte da fração volumosa da dieta é  uma medida importante. Outra boa fonte de volumosos que poderá ser utilizada  são os resíduos da agro-indústria frutífera, que já representa uma fonte  considerável de alimentos de boa qualidade nutricional. O uso de concentrados  poderá ser adotado como complementação da dieta.

 

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Fase de Acabamento

Acabamento é a fase final do sistema  de produção. Para o Nordeste brasileiro esta fase pode ser realizada de duas  maneiras: em pastagem e em confinamento.

 

Acabamento a Pasto

Acabamento em Confinamento

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Acabamento a Pasto

A principal vantagem do sistema  de acabamento a pasto é a possibilidade de produzir cordeiros a pasto o ano  inteiro tornando o sistema de produção mais sustentável e competitivo frente  a crescente demanda pelos produtos da ovinocultura de corte.

É possível fazer o acabamento de  cordeiros tanto em pastagem nativa como em pastagem cultivada. Quando as  crias são desmamadas na estação chuvosa o pasto nativo fornece nutrientes em  quantidade e com qualidade para possibilitar a realização desta fase da  criação neste tipo de pasto.

No entanto, se as crias forem  desmamadas na época seca, o acabamento a pasto só é possível com o uso de  pastagens cultivadas.

Em acabamentos a pasto o  rendimento de peso vivo de ovinos em pastagem irrigada sob lotação rotativa  no semi-árido pode ser superior a 2500 kg/ha x ano, chegando perto de 3000  kg/ha x ano. Com o uso de suplementação ganhos entre 150 e 200g/dia podem ser  obtidos. A suplementação é uma ferramenta que pode ser utilizada para elevar  a capacidade de suporte da pastagem.

Para que este tipo de sistema de  alimentação seja eficiente e produtivo, alguns índices foram estabelecidos  para ajudar os produtores. Tais índices são:

Peso médio inicial dos cordeiros: 13-15   kg

Ganho de peso esperado: até 100g/cab. dia sem  suplementação até 200 g/cab./dia com uso de suplementação

Consumo de matéria seca: 3% PV

Consumo diário de matéria seca: 900 g/cab. dia

Taxa de lotação: 40   a 60 cordeiros/ha

Peso final esperado: 30   Kg

Duração da terminação: aproximadamente 150 dias

Estes índices tem sido obtidos  com capim tanzânia que tem uma produção média variando entre 18-22t MS/ha ano  (sem uso de irrigação em torno de 80% desta produção estará concentrada na  época chuvosa).

O método de pastejo que  possibilita melhor desempenho em curto prazo é a Lotação Rotativa  (popularmente conhecido como pastejo rotacionado).

Para começar a utilizar o pasto  como fonte de alimentação, neste tipo de manejo, inicialmente o produtor deve  pesar e vermifugar os animais. Os animais devem permanecer no piquete durante  o período de tempo pré-determinado, que varia de um a cinco dias. E o período  de descanso de cada piquete varia de 20 a 42 dias dependendo do tipo de  forrageira (ver informação na área alimentação – Pastagem Cultivada).

A cada 21 dias deve-se proceder  a pesagem dos animais para acompanhamento do ganho de peso, bem como para  identificação de falhas de manejo e monitoramento dos aspectos gerais  sanitários do rebanho.

A altura do pasto é uma  ferramenta de manejo do pastejo de fácil compreensão por parte dos produtores  e que visa melhor utilização do pasto pelos animais e também uma recuperação  adequada do pasto após o pastejo. A altura do pasto de capim-tanzânia e  outras cespitosas, deve ser de 0,5-0,7 m quando os animais forem entrar  no piquete. Quando os animais saírem do piquete esta altura deve estar em  torno de 0,20 a 0,3   m. Ajustes na lotação devem ser feitos para se conseguir estas  alturas. Em sistemas intensivos a taxa de lotação para Panicum (tanzânia e  mombaça) varia de 40-60 cordeiros por hectare. Para gramíneas menos  produtivas, essa lotação pode ser de no máximo 30 cordeiros/ha.

 

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Acabamento em  confinamento

O confinamento é uma prática que  consiste na seleção e no confinamento de ovinos jovens (cordeiros), machos e/ou  fêmeas, com vistas a prepará-los para o abate num curto espaço de tempo. No  Nordeste, esta prática é recomendada, principalmente, para o Semi-Árido do  Nordeste brasileiro, onde se observa uma grande carência de forragem nas  pastagens, durante a época seca.

Considerando que o ganho  muscular de cordeiro e cabritos ocorre, principalmente, até a puberdade, que  ocorre por volta de cinco a seis meses de idade. A partir desta idade  inicia-se a deposição de gordura. Assim, selecionar animais jovens (por volta  de 90 dias) e saudáveis (livres de parasitas externos, vermifugados e  vacinados contra enfermidades endêmicas), com mínimo de 15   kg de peso vivo.

A duração do confinamento é um  fator de elevação de custos. Portanto, quanto maior for o tempo de  confinamento, maior será o custo de produção e menor será a rentabilidade do  negócio. Estudos indicam que a duração do confinamento deve ficar entre 56 e  70 dias.

A castração é recomendada com o  propósito de evitar a presença de sabor e odor desagradáveis que surgem na  carne, a partir da puberdade do animal. Animais inteiros (não castrados)  apresentam maior potencial para ganho de peso e carcaças mais magras.  Portanto, como a terminação de cordeiros, em confinamento, propicia o abate  de animais em idade precoce (150 e 180 dias de idade) a castração não é  recomendável.

A alimentação é o fator mais  importante para a viabilidade econômica do confinamento no Nordeste, pois,  chega a ser responsável por até 70% dos custos de produção (Barros et al,  1997). Assim, reduzir custos com alimentação sem, contudo, reduzir o  desempenho dos animais significa aumentar o rendimento financeiro desta  prática. Ressalte-se que os concentrados, geralmente, são os alimentos que  mais oneram a alimentação de cordeiros confinados. Portanto, faz-se  necessário a busca por ingredientes alternativos que substituam ou reduzam a  quantidade de uso dos tradicionais milho e soja.

As opções de ingredientes para  ração de cordeiros em confinamento são numerosas. Deve-se, entretanto,  procurar escolher aqueles ingredientes que apresentem qualidade nutritiva  condizente com as necessidades nutricionais dos animais e que estejam  disponíveis ou possam ser produzidos na propriedade ou em regiões próximas.  Sempre que for conveniente, procurar utilizar alimentos produzidos na  propriedade, como é o caso de gramíneas e leguminosas. Outra opção é a  utilização de resíduos agro-industriais, em substituição aos grãos e aos  farelos de oleaginosas.

 As dietas para confinamento de  cordeiros e cabritos devem ser formuladas em função de suas necessidades  nutricionais, as quais estão relacionadas com a capacidade de ganho de peso  dos animais. Assim, os níveis de nutrientes na dieta destes animais estão  listados na Tabela 10.

 

Tabela 10. Composição  nutricional de rações para acabamento de cordeiros e cabritos, em  confinamento.

 

GP1

Caprino

Ovino

(g)

ED1 (Mcal/kg)

PB1

(%)

Cálcio (%)

Fósforo

(%)

ED (Mcal/kg)

PB

(%)

Cálcio (%)

Fósforo

(%)

20   kg de Peso Vivo

100

2,79

11,50

0,33

0,23

2,82

17,50

0,45

0,34

200

2,65

11,82

0,33

0,23

1,75

15,81

0,48

0,29

300

-

-

-

-

2,95

18,37

0,50

0,24

30   kg de Peso Vivo

100

2,47

8,78

0,33

0,23

2,76

13,75

0,41

0,30

200

2,61

9,46

0,33

0,23

2,75

10,90

0,45

0,28

300

-

-

-

-

3,10

13,89

0,50

0,25

1GP = ganho de peso; ED  = energia digestível; PB = proteína bruta.

Fonte: elaborada para  esta publicação.

 

Os resultados indicam que a  espécie caprina apresenta menor desempenho em confinamento que a ovina. Mesmo  animais da raça Boer, que é especializada para produção de carne, bem como  seus mestiços o ganho de peso máximo observado foi de 203 g/animal/dia,  enquanto que para cordeiros ¾ Suffolk x ¼ SRD há registro de até 307  g/animal/dia. Este fato é compreendido ao analisar os resultados obtidos com  cordeiro Finnish Landrace (FLS) e cabritos da raça Finnish Landrace (FLG).  Ressalte-se que os cabritos necessitaram de 60 dias a mais que os cordeiros  para atingirem 18 kg de peso de carcaça.

                                                                                 

 

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